Ecoturismo no Sítio Alto Paraíso: Opções para curtir o ano todo

Para quem gosta de estar próximo de áreas naturais, Alfredo Wagner concentra propriedades de fácil acesso para cachoeiras, grutas e práticas de trekking; saiba mais

Alfredo Wagner é um município montanhoso da região da Grande Florianópolis. Localizado entre a região serrana e o litoral, seu relevo é marcado por três grandes serras e em seu território nascem quatro importantes rios, entre eles o Rio Itajaí-Açu. Os cursos d’água que passam por diferentes terrenos dentro da cidade acabam também por formar lindas cachoeiras.
Vista aérea da Cidade. Foto: Divulgação Prefeitura
Por essas características, Alfredo Wagner é destino certo para quem ama estar próximo de áreas naturais. Na cidade existem várias propriedades de onde se pode acessar cachoeiras, grutas, fazer trekking e acampar. Entre elas, uma se diferencia pela proposta: o Sítio Alto Paraíso não abre as portas para explorar as belezas naturais contidas em seu terreno.

A lógica é inversa: a existência do sítio e o trabalho de seus proprietários garante a preservação da natureza. O turista pode se integrar a este processo e ao mesmo tempo que conhece as cachoeiras no sítio, por exemplo, aprende sobre a fauna e flora local. Também é possível se hospedar na única cabana de bioconstrução aberta ao público em Alfredo Wagner e entender como ela foi construída com os recursos naturais disponíveis no terreno.

O preparo das refeições, para o qual os visitantes podem usar hortaliças da horta orgânica, é uma boa oportunidade de aprender sobre o cultivo de alimentos sem agrotóxicos. Todas essas são experiências que o sítio se propõe a oferecer dentro de um turismo sustentável, baseado na permacultura. Ou seja, pautado em uma filosofia que integra o cuidado com a terra, com as pessoas e com o futuro.

É por isso também que outros moradores da comunidade de Alto Rio Lessa, onde o sítio está localizado em Alfredo Wagner, são integrados a essa proposta turística. Alguns deles podem fazer guiamento de visitantes até as cachoeiras e outros preparam e vendem refeições, gerando renda para a população predominantemente rural da cidade.

A partir de agora, conheça cada uma das experiências que o Sítio Alto Paraíso pode proporcionar. Informação importante para quem gosta de turismo de frio: o inverno nesta localidade de Alfredo Wagner é bem gelado. As temperaturas à noite despencam e pode gear. Portanto, há chances de acordar pela manhã com a vista do gramado todo branco na propriedade.

Experiência com práticas sustentáveis em Alfredo Wagner

As experiências com práticas sustentáveis são o carro-chefe do Sítio Alto Paraíso. A propriedade abriu suas portas há três anos com a proposta de compartilhar experiências de sustentabilidade com os visitantes. Márcio Silva, proprietário do sítio, diz não se sentir no direito de cobrar a visitação das pessoas para contemplarem a natureza.

A intenção não é explorar as belezas naturais da propriedade, mas agregar à visita do turista a Alfredo Wagner conhecimentos e experiências de sustentabilidade. Por isso, as trilhas até as cachoeiras sempre são acompanhadas por algum guia que possa compartilhar informações sobre a fauna e a flora locais.

Com os proprietários do sítio é possível aprender práticas de cultivos de alimentos orgânicos. Por ali há plantações de cebola, abóbora, batatas, açafrão, gengibre e hortaliças como salsinha, cebolinha e manjericão. Os ovos são pegos frescos do galinheiro e frutas como kiwi, caqui, pera e maçã são colhidas das árvores frutíferas da propriedade. Alguns produtos são também comercializados.

Além das belezas naturais que fazem parte do território de Alfredo Wagner e que podem ser acessadas pelo Sítio Alto Paraíso, outra grande atração da propriedade é a cabana inaugurada na virada de 2022 para 2023. A casa arredondada foi erguida com técnicas de bioconstrução.

Esse é um tipo de técnica construtiva inteligente, que se utiliza de recursos naturais disponíveis no próprio terreno a fim de reduzir o consumo de novos recursos ambientais e gerar menos impacto.

Além disso, materiais que seriam descartados podem ganhar uma boa utilidade nesse tipo de construção. Caixas de leite, por exemplo, viram isolantes térmicos e garrafas de vidro dão luminosidade ao ambiente. Falaremos mais sobre adiante.

Trilhas com destino a cachoeiras

O Sítio Alto Paraíso fica próximo à nascente do Rio Lessa e de três cursos d’água que escorrem na forma de cachoeiras por paredões rochosos dentro da área do terreno particular. Em sua maioria, elas chegam ao sítio sem antes ter passado por propriedades de cultivo que façam uso de agrotóxicos. Isso garante que os visitantes possam abastecer suas garrafas nos cursos d’água pelas trilhas, com a segurança de consumirem uma água sem contaminações.

Ao todo são sete cachoeiras, de tamanhos que vão dos 14 aos 90 metros de altura. No verão, são ótimos locais para banho em suas águas geladas. Já no inverno bastante frio de Alfredo Wagner é igualmente possível fazer as trilhas e apenas contemplar as quedas d’água. Como o volume de chuva costuma ser menor no inverno, dá para percorrer todos os caminhos, mesmo aqueles que costumam ser banhados, sem sequer molhar os pés.

As de mais fácil acesso são a Cachoeira do Sossego, a Cachoeira do Xaxim e a Cachoeira do Chuveirinho. Chegar até elas leva de cinco a dez minutos de caminhada por trilhas de nível fácil. A do Sossego tem como destaque uma gruta bem atrás da queda d’água. As pedras em si mal podem ser vistas, já que a vegetação as cobre quase que totalmente, formando um arranjo natural de diferentes tons de verde.

A do Xaxim, por sua vez, ganhou esse nome por causa da vegetação presente na trilha que leva até ela. O Xaxim é um tipo de planta de crescimento lento, que avança apenas cerca de 1cm por ano. No percurso você encontrará alguns com cinco metros de altura, o que indica que existem ali há cerca de 500 anos, muito antes desse local ser a cidade de Alfredo Wagner.

A Cachoeira do Chuveirinho, por fim, escorre reta até a piscina natural, quase sem encostar nas rochas, e por isso mesmo lembra um chuveiro. Como a água é pouca, vinda de um pequeno riacho, o nome foi para o diminutivo.

Essas três cachoeiras de Alfredo Wagner são acessíveis a qualquer público, de crianças a idosos. Já para chegar às outras – a do Portal, a das Bromélias, a da Fenda e a da Quebrada – o nível de dificuldade é moderado. As pedras no caminho e o chão escorregadio requerem bastante atenção.

A maior e mais impactante de todas elas é a Cachoeira da Quebrada. São 90 metros de queda d’água que escorre por quatro desníveis de um paredão rochoso.

 

Especialmente durante a primavera e o verão, as trilhas são feitas na companhia do som de diferentes aves. Andorinhas, gralhas azuis, sabiás, tucanos e pica-paus são algumas delas. No outono é possível ouvir e ver alguns papagaios-charão voando em direção a Urupema, onde se reúnem em bando para se alimentar de pinhão.

Depois que o turista visita as cachoeiras acompanhado por um guia, ele tem acesso sozinho a duas delas. A companhia de um condutor garante que o visitante conheça mais sobre o ecossistema da região e sobre práticas de conservação e cuidado que ele também precisará ter no local.

Travessia do Morro da Boa Vista

A cidade de Alfredo Wagner faz divisa com o pequeno município de Rancho Queimado, onde fica o Morro da Boa Vista. O conjunto de montanhas tem mais de 1.200 metros de altura de uma vegetação de banhado, que retém a água da chuva e dá nascimento a riachos e rios. Lá no alto do mirante natural se tem uma linda vista para a Serra Geral e para parte da BR-282, que passa bem abaixo dos pés.

 

Como o Sítio Alto Paraíso, em Alfredo Wagner, fica próximo da divisa com Rancho Queimado, os proprietários oferecem o guiamento da travessia até o Morro da Boa Vista. Normalmente a experiência inicia na madrugada para que se esteja no topo do morro a tempo de ver o sol acordar.

O caminho no Morro da Boa Vista, que hoje é feito por admiradores da natureza e adeptos de esportes, foi muito antes utilizado por tropeiros vindos de Lages com destino a Florianópolis.

É por esse motivo que em alguns pontos do morro você verá taipas de pedras, que serviram séculos atrás para delimitar o espaço da passagem dos animais, para que não fugissem.

A caminhada inicia às 2h30 da manhã e termina por volta das 5h30, depois de vencer um percurso de 11,5 km saindo do sítio em Alfredo Wagner. O trajeto é feito por uma estrada rural privada, onde não transitam veículos.

A companhia dos caminhantes são os sons da natureza, sobre a qual o guia vai explicando. Considerando o roteiro todo são 23 quilômetros de deslocamento, completos em cerca de seis horas de caminhada.

Como recompensa, é possível contratar um café colonial feito pela dona Ivone, vizinha da propriedade em Alfredo Wagner. Ao chegar de volta ao sítio, a mesa estará posta com pães e bolachas caseiras, mel, geleias, salame artesanal, leite fresco, entre outros produtos.

A melhor época do ano para fazer a travessia é em períodos secos, com menos chuvas, por conta da vegetação que encharca fácil no morro. Como o inverno tende a ser uma estação menos chuvosa, pode ser um bom período para essa experiência.

Mirante do Rio Lessa

Se o Morro da Boa Vista é um lugar especial para ver o sol nascer, o Mirante do Rio Lessa tem vista privilegiada para quando ele se põe. O mirante é uma pequena estrutura de madeira que fica na parte mais elevada do terreno do Sítio Alto Paraíso, por onde se chega passando por uma pequena trilha em meio à floresta de araucárias.

Hospedagem em uma Bioconstrução

Demorou cerca de um ano para que os proprietários terminassem a cabana de dois quartos, sala e cozinha feita com técnicas de bioconstrução. Em Alfredo Wagner, ao que se sabe, é o único construído desta forma e aberto ao público.

A casa é como se fosse uma galeria de diferentes métodos de construção. Parte dela é feita em pau a pique, taipa de pilão e cordwood, revestidos com uma mistura de barro, areia, cal virgem e óleo de linhaça.

O lavabo é feito de grandes pedras e igualmente revestido de barro. A sala e a cozinha, por sua vez, têm paredes duplas de madeira. No meio delas, há um tipo de palha utilizado no transporte de melancias. É um material que ajuda no isolamento térmico, assim como as caixas de leite colocadas entre as telhas e o forro da cabana.

Durante o inverno, quando as temperaturas despencam nesta região de Alfredo Wagner, basta ligar a lareira e esses materiais ajudam a manter o calor dentro da casa.

No verão, por sua vez, mantém o ar fresco de ventiladores. Sabe o que é mais legal? Esses materiais utilizados na construção foram deixados à mostra em certas partes da cabana propositalmente para que os visitantes possam vê-los. É como uma galeria mesmo!

Abaixo da casa, cinquenta pneus que poderiam ter sido descartados incorretamente foram utilizados aqui para nivelar o terreno e construir a base da cabana. Parte deles pode ser vista na varanda de entrada. Outra parte já está coberta por flores plantadas ao redor da construção.

Essa cabana única em Alfredo Wagner pode receber até quatro pessoas e é totalmente equipada, inclusive com uma cozinha completa para o preparo de refeições. Caso o hóspede prefira não cozinhar, é possível contratar café e almoço da dona Ivone.

Camping e Day Use

Outra opção de estadia no Sítio Alto Paraíso, em Alfredo Wagner, é a área de camping gramada e arborizada, para até 12 pessoas. Essa é a capacidade que o sítio comporta para gerir de forma sustentável os recursos disponíveis e os resíduos gerados. Os banheiros tanto do chalé quanto da área de camping, por exemplo, são a seco e requerem um manejo adequado dos dejetos.

Quem fica no camping tem à disposição chuveiros com água quente e uma cozinha equipada e compartilhada. No preparo das refeições é possível contar com os temperos e hortaliças orgânicas que ficam próximas. Caso não queira cozinhar, já sabe: pode contratar refeições com a dona Ivone.

Lembre-se que o Sítio Alto Paraíso não tem como principal objetivo oferecer um espaço de contato com a natureza, mas, sim, de passar conhecimentos sobre sustentabilidade. Por esse motivo, talvez não seja o local mais adequado para pessoas que desejem apenas acampar sem se integrar com as atividades ofertadas.

Agora, se você deseja conhecer tudo isso, mas não quer se hospedar por lá, pode apenas passar o dia. Na opção day use dá para conhecer até cinco cachoeiras, o Mirante do Rio Lessa e bater um papo com os proprietários sobre técnicas de sustentabilidade. Esta pode ser uma boa alternativa para aproveitar a visita a Alfredo Wagner e conhecer outros locais da cidade.

Como chegar no Sítio Alto Paraíso

O Sítio Alto Paraíso está na localidade de Alto Rio Lessa, a 23 quilômetros do Centro de Alfredo Wagner. O caminho até lá inicia pela BR-282 e segue em sua maior parte por estrada de chão.

Saindo da área central de Alfredo Wagner, são cerca de dez quilômetros pela BR-282 até chegar ao posto de gasolina American Oil. Ali começa o acesso à estrada de chão. Na bifurcação, pegue à esquerda. Você entrará na Estrada Geral Picadas, por onde vai andar aproximadamente 13 quilômetros até o sítio. Quando chegar ao Bar do Noca, vire à direita. Daí em diante, basta seguir reto o caminho todo.

Para quem vem de Florianópolis não é preciso entrar em Alfredo Wagner. O percurso também é pela BR-282 e quando chegar no Posto American Oil deve pegar a estrada de chão.

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Como chegar em Alfredo Wagner

Alfredo Wagner está situado na Grande Florianópolis, a cerca de 100 quilômetros da Capital e a caminho da Serra Catarinense. O município não conta com aeroporto. O mais próximo é o de Florianópolis. Outra opção são os ônibus que saem do Terminal Rodoviário Rita Maria, na Capital, com destino à cidade.

Para quem for de carro, confira abaixo as distâncias entre Alfredo Wagner e outras cidades de Santa Catarina e as principais vias de acesso para chegar até lá.

Distância entre Florianópolis e Alfredo Wagner: cerca de 100 quilômetros. O principal acesso é pela BR-282. Não há pedágios nesta via.

Distância entre Joinville e Alfredo Wagner: quase 270 quilômetros. O principal acesso é pela BR-101 e BR-282. Há pedágios no caminho.

Distância entre Blumenau e Alfredo Wagner: aproximadamente 180 quilômetros, via BR-470 e SC-350. Sem pedágios pelo caminho.

Fonte: Patrícia Stahl Gaglioti / ndmais

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